Difícil descrever como foi a semana que antecedeu ao último jogo do Brasileirão 2009. Tensão indescritível. Preocupação com torcedores na fila; desespero vendo como todo mundo fazia qualquer coisa para conseguir ingresso; centenas de pessoas falando sobre o mesmo assunto; e o pânico em não saber o que iria acontecer. Como desejei ter uma bola de cristal, para que pudesse ter um pouco de sossego.
No domingo de manhã fui para a rua acompanhar a chegada dos torcedores. Não encontrava nenhuma saída que pudesse me acalmar para fazer a cobertura do jogo. Chá de camomila? Suco de maracujá? Calmante? Nada adiantava. Entrei e saí de casa umas cinco vezes, filmando e registrando o que conseguia. Era um clima que misturava alegria e ansiedade. Fogos sem parar, mais gente a cada minuto. Os acessos às arquibancadas e cadeiras azuis ficavam impraticáveis conforme o tempo passava. Tentei avisar a vários torcedores nas longas filas que trocassem o Bellini pela UERJ, mas a superstição falava mais alto.
Depois de voltas nos arredores não dava mais para andar. Até o acesso da Tribuna de Imprensa começava a ficar complicado. Era hora de entrar no Maracanã. Não dava mais para esperar… não conseguiria ajudar os rubro-negros… acho que era eu é que precisava de ajuda.
A entrada dos jornalistas estava lotada. Muitos profissionais, vindos de todos os lugares, tentavam se acomodar para trabalhar durante os intermináveis 90 minutos de jogo. Fui direto para a parte externa, sabia que a torcida iria fazer um show na hora da entrada do time. Filmadora e celular na mão, intercalando, porque iria mandar de lá mesmo para publicar no Fim de Jogo. Foi um show lindo, mas quem disse que isso acalmava. Depois era hora de ir para a “bolha” trabalhar, mas em pé. Não havia lugar suficiente para todos. Escrevi o tempo todo assim, mas acho que não conseguiria de outro jeito.
Foi difícil trabalhar. As mãos tremiam na hora de digitar. Pelo twitter não dava para disfarçar que os nervos estavam além da conta. Quando o Grêmio fez o primeiro gol, não acreditei. Isso não podia estar acontecendo. Nem o gol de empate me acalmou. O Flamengo atacava e não conseguia. Prometi: se fizer o segundo, não vibro, prometo, mas tem que acontecer…. Logo depois ele veio e foi quase impossível cumprir a promessa, mas lembrei a tempo e dei um soco na mesa. Os torcedores estavam enlouquecidos com o segundo gol em uma vibração contagiante. A tribuna de imprensa balançava tanto que precisei segurar a tela do notebook.
Não consegui olhar os minutos finais… que nunca acabavam…mas o juiz apitou. Toneladas saíram das costas. Os jornalistas se esqueceram da imparcialidade e se abraçaram, comemorando. Fechei o notebook correndo e fui para fora ver a vibração daquela torcida, que sofreu tanto.
Os telefones não funcionavam… ninguém conseguia falar com ninguém. De repente, encontro o Alexandre Moraes, do Gease-Fla, e foi um abraço de desabafo, de exaustão, de alegria… Tinha acabado… conseguimos… o Flamengo era Campeão Brasileiro de 2009.
E… por volta da uma da manhã… publiquei um video no Videolog – Flamengo Campeão Brasileiro 2009
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